sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

ventania

eles continuam me atravessando.
mas agora me ofertam leveza.
eles ecoam e me levaram para a estrada de brizas.
talvez seja a maneira que eles acharam de me mostrar
o mundo mais colorido e perfumado.
mais vivo e vibrante, ressoante.

em companhia de: eco (jorge drexler)

domingo, 7 de dezembro de 2008

leve pousa

só voa quem se faz leve,
quem escuta o seu silêncio interior,
quem se respeita e se ama por inteiro.

em companhia de: suavidade da brisa

terça-feira, 25 de novembro de 2008

coisas de meu pequeno universo

Notei que uso metáforas ao me expressar,
adoro os diminutivos e acho a palavra delícia, deliciosa de falar.
Percebi que adoro gente, ter amigos por perto e conhecer novas formas de ver o mundo.
Descobri que a comida russa é tão saborosa e fascinante
quanto a complexa simplicidade da japonesa.
Senti que estar aberto às emoções e novas possibilidades
me traz de volta para meu mundo.
E mais ainda, que essa forma metamorfoseada de viver me faz feliz.

Em companhia: da pessoa mais encantadora do mundo.

sábado, 22 de novembro de 2008

minha passárgada?



em companhia: silêncio e vento gelado no rosto

sábado, 25 de outubro de 2008

brevidades




Fui visitar o país da estrada de tijolos amarelos.
Lá conheci muitas estrelas faiscantes, tinha verde-limão,
sabor framboesa, pisca-pisca colorido e tinta vermelho-outono.
Seres gentis brotavam para todos os lados, nos canteiros perfumados de mel.
A chuva era de anis com sabor maçã e canela, às vezes tinha um pouco de curry.
Tinha também máquinas de aros que levava tudo para todos os lugares coloridos.
Era possível voar por lá, tudo tão leve que flutuava.
Tudo tão fácil que abria um sorriso inteiro de azul.
Mas havia dor em alguns lugares, sempre há.

Em companhia de: tropicaos: futurível, a voz do vivo e objeto semi-identificado.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

uma trilha sonora


para se perder na costa mais famosa da Itália.

Em companhia de: gente che spera

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

para além do arco-íris



lá vou eu, depois do caos,
trilhar a estrada de tijolos amarelos
em busca de vidros e
de estrelas brilhantes.

Em companhia de: habitantes de OZ

sábado, 16 de agosto de 2008

chega de saudade

Depois de longos dias, longe de meu refúgio, volto para dividir águas quentes de dias ensolarados.
"Que é pra acabar com esse negócio de você viver sem mim".
É tão gostoso exercitar a preguiça peculiar e alegre do nosso jeitinho.
Contemplar a doçura das coisas simples, pequenininhas e sublimes.
Estar, novamente, em companhia calorosa de alguém tão especial.
Uma delícia!

Adoro esse termo: delícia.
Vem carregado de sonoridade, que sulga o ar para experimentar o melhor de cada letra.
Chego a fechar os olhos para que a sensação não se perca no multicolorido e já preparo a saliva para o sabor seguinte.



Em companhia: da bela língua capaz de diminuir e aumentar os sentidos com fofura e graça.

domingo, 20 de julho de 2008

destinatário: alguém que foi muito querido

São Paulo, 20 de julho de 2008.

Bom dia.
Ainda me resta gentileza e um pouco de bem querer.
Então perguntarei: Como vai você?

Não, nem pense em ter aquela educação pequena burguesa comigo, e, me devolver um "você está bem"? sem realmente desejar saber.

Você sabe como me sinto quando me dá como resposta o vazio?
Um conjunto vazio quando se une a A é igual a A.
Não consegue perceber, não é mesmo?
Seu pequeno conturbado caos-universo não conhece a lei do movimento planetário.
E tudo gira de tal modo que é impossível ter interações orbitais.
Fica no heliocentrismo.
Estou cansada da névoa cósmica,
da fumaça lírica que solta por aí.
Quero a palavra nua. Crua.
Sem censura ou AI5.
Quero clareza matemática.
Só considero o quantum de possibilidade.
Como possibilidade.

Você pode até dizer que a greve dos correios atrasou a resposta.
Mas, meu bem, estamos no mundo do faz-de-conta.
Aqui não há greves, nem correios.
Só verdade fragmentada em vidros coloridos.
Que de tão partidos mudam, num pequeno girar, de lugar.

Até logo.
T.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

For the strongs



A praticidade sempre foi minha companheira
Hoje,tento ser prática, mas não consigo
Os sentimentos me atravessam
Me rasgam, invadem.

Tudo o que quero neste momento
É estar perto de você.
Dói gostar de você.
Eles me rasgam.
Tenho medo.

Agora, em processo de desintoxicação do restante
que ficou por muito tempo parado.
Mas, você não vê. Ninguém vê.
Sou linguagem metafórica-antropofágica
dadaísta-arcaica-cafona-carnavalesca

Eles me rasgam.
Você poderia trazer um analgésico qualquer.
Mas, você não quer. Ninguém quer.
E eles
Eles me rasgam.
É coisa demais.

Em companhia de: escuro do quarto

quinta-feira, 26 de junho de 2008

concepções sublimes

a máquina captura o movimento,
o ouvido o som do sentimento.
no ar,
o cheiro da vibração do pulsar.

Em companhia de: Boléro (Maurice Ravel)

quinta-feira, 19 de junho de 2008

céu da boca II

Quinta jantei Maiakóvski.
Viciei no seu humor picante e ácido
e esse sabor me fez lembrar
de uma data inusitada: Maio de 2008.
Dia em que fui convocada para me apresentar
a linha de frente e encarar coisas de tempos guardadas.

Depois, para quebrar esse sabor,
usei o truque indiano:
doce.
Me dei de presente uma sobremesa
muito doce:
Dave Brubeck.


Em companhia de: duas figuras geniais (Take Five)

céu da boca

Cada pessoa
um sabor.
Algumas de tão doce, enjoa;
Outras macias e
de um doce suave que vicia,
Encanta.
Picante que queima,
Excita.
Ácido corrosivo, irritante
Estimula o salivar.
Salgado impregnado de impertinência,
na medida exata
Satisfaz.
Outras tantas
de tanta dor, tanta tristeza e pesar,
Amarga.
E de tão diversa as combinações
emerge uma explosão deliciosa
e intrigante
de criaturas-estelares-mutantes.

Em companhia de: Fold (José González)

segunda-feira, 16 de junho de 2008

sinfonia luminosa de Goethe



“O olho deve sua existência à luz.
Assim, o olho se forma na luz e para a luz interna
venha ao encontro da luz extrema. (…)
As cores são feitos da luz, feitos e paixões.”

Em companhia de: fazedor de móbile, inventor do tempo e cientista das palavras

sexta-feira, 13 de junho de 2008

frase do dia / promessa

Hoje conversando com uma pessoa muito especial
e infelizmente não tão presente, ouvi a coisa mais
linda da semana e que me toca profundamente.
O detentor de humor e sensibilidade me disse o quanto é ótimo eu escrever e assumir meus sentimentos, porque de tanto guardá-los as palavras transbordaram em talento…
Nem precisava mais nada.
Mas, ele completou com a frase do dia:
“a inteligência é afrodisíaca”.

Lavro aqui nosso compromisso e que seja cumprido.

Em companhia de: tec tec da máquina-metamorfose-de-graham-bell

quinta-feira, 12 de junho de 2008

infinito de nós dois

Você pode não cantar Vinicius, 
não declamar Maiakovski, 
nem saber quem foi Tristan Tzara.
Mas, o que você me faz, ninguém faz...
Amo-te com esse sorriso de criança que acaba de ganhar presente,
com a alegria que contagia e simpatia sem igual.
Declaro hoje todo meu amor à você.




terça-feira, 10 de junho de 2008

Nunca vou te abandonar…

Desde muito pequena penso que sem amigos a vida simplesmente não faz sentido, não é possível.
A amizade é uma das coisas mais belas. Tenho pensado que talvez esse tal amor incondicional, que se fala tanto, seja ela: a amizade.
É com os amigos que divido as fraquezas e forças, sem medo de ser imperfeita. Risadas, lágrimas, loucuras, dor, angústia, sucesso, alegria…
Desapego e aceitação, tudo sem julgamento.
Os amo acima de tudo, pode acontecer o que for, brigas, desesntendimentos, até uma decepção, mas no fim fica tudo bem.
Porque se não ficar, ou ainda não houve uma conversa franca ou não era amizade de verdade.

Que time, que nada!
Torcida apaixonada, mesmo, é a que tenho pela felicidade dos meus queridos.

Em companhia de: Manoel de Barros

sábado, 7 de junho de 2008

Tenho me percebido apaixonada...




Apaixonada pela beleza do cotidiano, pelo colorido da vida,
pelas risadas com amigos, pelas conversas filosóficas de botequim.
Ouvir uma boa música, ler coisas belas, apreciar coisas que tocam,
abraço gostoso de saudade, olhar gentil, gesto doce.
Tudo isso.
Viver é apaixonante.

Em companhia de: Nazareno, aquele ser-artista, que com singeleza diz o que precisa ser dito.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

terça-feira, 3 de junho de 2008

Agridoce

Estava eu ali, passiva, como um flâneur, observando a beleza difícil da cidade gris.
O olhar captura num intante o gesto de ternura.
O toque carinhoso numa face maltratada: feia e bonita, o ajeitar dos fios de cabelos desgrenhados e o sorriso delicado de pequenas covinhas.
Tendo o viaduto colorido como telhado para os desabrigados.
Mas, não de amor.

Em companhia de: roncar dos automotores, céu azul e poesia empoeirada.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Geotropismo

Noite gélida
vento alfineta
tempo escorre

Inverno pálido
inumou a glória
do prazer

Gesto terno
sutil beleza
num adeus

Em Companhia de: Melancholy Serenade (Ella Fitzgerald)

muito leve, leve pousa



quinta-feira, 29 de maio de 2008

História de herói



Eu e minhas inquietações...
Itto Ogami, o personagem sensível, forte e determinado do manga Lobo Solitário, é pra mim uma imagem muito forte do masculino.
E os símbolos são imagens ou mitos que sempre se fazem presentes em nossas vidas. Segundo o dr. Jung os símbolos antigos sempre estiveram presente no cotidiano do homem moderno, eles se manifestam no inconsciente, principalmente nos sonhos, que funciona como um lado obscuro da nossa mente.
O valor num elemento simbólico é implícito, é intermediário entre realidade reconhecível e o invisível. E muitas vezes, esse valor permanente de um antigo símbolo pode tentar renascer sob uma forma nova. Não é a toa que símbolos modernos se assemelhem com símbolos antigos tanto em seu significado quanto em forma.
Hoje em dia não acreditamos mais em deuses, quase não temos contato com a natureza e cada vez menos acreditamos no poder do símbolo e do imaginário.
Mas, o homem moderno vive os mitos de uma nova forma, uma delas por exemplo, através do cinema, e, um dos mitos mais populares e antigos da humanidade vivido até hoje é o mito do herói.
Há tempos comecei a observar que os mesmos aspectos formais e conceituais do símbolo de Hórus estavam presentes em várias imagens do meu cotidiano: o mito do herói presente no cinema, nos livros e, principalmente, a imagem persistente do Lobo Solitário.
Como pra mim pesquisar, ler e estudar é sempre uma alegria. Uni o útil ao agradável e fiz uma pesquisa extensa sobre o tema. Aqui vai uma “provinha” da lenda de um herói.

Meu Herói
No Egito antigo era comum ter amuletos com poderes mágicos, um dos mais comuns era o Olho de Hórus.
Havia no subconsciente dos egípcios a existência de uma divindade, um homem ou apenas um rosto conhecido como “quem comanda os dois Olhos”.
Olho direito, o Sol, e, o esquerdo, a Lua. E a espiral estilizada como um contorno de gota abaixo do olho se assemelha ao rosto do leopardo, que era associado aos céus na antiga mitologia egípcia.
A antiga lenda da luta de Hórus fala que Seth teria arremessado o Olho Esquerdo além do horizonte, e Thoth, gênio e guardião da lua, o encontrou deitado na escuridão da noite, descobriu o Olho deitado que estava separado em partes, as reuniu novamente para formar a lua cheia.
Quando Seth arremessou o Olho, o céu noturno emergiu na escuridão. Este era o símbolo da invisibilidade lunar - A Lua Nova. O retorno de Thoth com as partes significa a hora da Lua Crescente. Lua Cheia é sinal de que tudo está bem, então Thoth, é de certo modo, o salvador da ordem do mundo.
Esta história é baseada em um trocadilho entre raiva (neshen) e cabelo (shen). A raiva do Olho quando retornou ao criador e descobriu que ela tinha sido suplantada por outro é identificado com o cabelo que esconde o Olho. O posterior é um símbolo para os fios de nuvem que atravessa o sol, escondendo sua luz. Assim, a tempestade que o Olho provocou no começo do mundo é como as nuvens escuras que cobrem o sol. Nos dois casos é Thoth, o gênio da ordem cósmica, quem põe as coisas no lugar.
Os autores do Livro dos Mortos perceberam que suas lendas não eram sobre coisas diferentes, mas correspondentes a padrões e eram símbolos que tratavam de temas básicos, e que os deuses eram a expressão de necessidades psíquicas.
Os olhos expressivos, do querido personagem oriental, carrega em sua essência o mito do herói, que como um arquétipo, representa as etapas do crescimento do homem. Este mito tem a função de desenvolver no indivíduo a consciência do ego, o conhecimento de suas próprias forças e fraquezas, e ainda, preparar para as difíceis tarefas que a vida apresenta, tornando sol e lua plenos.
Ao falar de símbolos, falamos da história da humanidade, da criação de representações que advém da herança guardada no inconsciente, possibilitando o entendimento de nossas representações imagéticas, nossas criações que se mesclam entre fantasia e realidade.

PsicoTrópicos



Em companhia de: Louise Bourgeois

Viva, Viva

Hoje faz sol aqui e as cores estão mais vivas.
Amanhã? Já não sei, mas, um dia de cada vez.
O poeta que faz suspirar já bem disse
que não é necessário se afobar porque nada é pra já.
Pois então, assim vou saboreando o doce viver
e entendendo o colorido de minhas águas.


Em companhia de: Futuros Amantes (Chico Buarque)

Conversando com meus botões

Tudo poderia ser bem mais fácil se as pessoas entendessem que as coisas são interligadas e movéis, mas no geral tudo tem seu lugar.
Move e volta, move fragmentariamente e tudo novamente.
Seria mais fácil ainda se pudesse fazer o que dá na veneta e ninguém ficar pensando nada, nem nas intenções, nem nas conseqüências, nem no que o outro pensa.
A bela escritora ucraniana já disse para não nos preocuparmos em entender, porque a vida ultrapassa qualquer entendimento.
Então, já que essa pseudo-razão não dá conta de tudo, mesmo, porque não deixar o barco navegar, afinal, viver não é preciso?

“O mundo é portátil

Pra quem não tem nada a esconder”

Em companhia de: Infinito Particular (Marisa Monte)

quarta-feira, 28 de maio de 2008

duelo cá dentro

Epistolar

Não quero que me entenda mal,
mas jogando num verso
consigo navegar melhor
o azul de meu pequeno universo.

Hoje rasgo o céu com asas de melancolia,
Vôo em brisa pra perto de algo tão nosso
que se esvai em dor.

Deixe-me pousar leve na sua boca
Sentir o frescor da sua pele
Absorver o desejo lascivo de nós dois.


Em companhia de:
Luiza (Tom Jobim e Chico Buarque)

terça-feira, 27 de maio de 2008

"Que história de amor é capaz de fazer uma pessoa se jogar de uma ponte?".



Eu tenho uma idéia inatacável
Para evitar o insuportável
Mas o melhor ainda está para vir
Você pode ver


Em companhia de: Avant La Haine (Romain Duris & Joanna Preiss)

Sol em azul



Não sei se é haikai visual ou delicadeza registrando o cotidiano, mas aquece o coração as belas imagens da fotógrafa japonesa Rinko Kawauchi.

Linguagem delicada

Raízes orientais de composição poética que carrega as relações do homem com a natureza.
Assim é o Haikai: singelo, delicado e pequenino. Fundamenta-se nas bases budistas que diz que neste mundo (louco mundo) em que vivemos, tudo é transitório, pois o homem sendo parte da natureza obedece e está sujeito a mudanças contínuas, assim como as estações.


Encantamento em brisa
vento do desejo
na manhã
...
Chuva lenta
frescor de verão
lilás e botão de ouro



domingo, 25 de maio de 2008

Nos envies, nos amours




Em companhia de: Secret Heart (Feist)

Texto Inaugural


Só a antropofagia nos une.
Uma mistura de admiração e identificação fica em mim, quero sentir seu corpo e há um desejo de receber tudo que é seu, devorar oswaldianamente e transformar no que sou.
Nessa bagunça do coração o nosso sangue se perdeu e miturou a quentura latina que ajuda a lutar e decodificar tudo numa batucada brasileira.
Lei do antropófago.
Ela diz: - Saudade, vá dizer ao vento que já jurei à Deus que morrerei de amor, mas continuarei a viver. Nada que o jeitinho brasileiro não resolva!
O amor, assim como a arte, não precisa ser explicado.
Tupy, or not tupy that is the question.